segunda-feira, 29 de agosto de 2011

sábado, 27 de agosto de 2011

Circular interna

Circular interna de uma empresa estrangeira, para uma delegação no Porto, a propósito da linguagem utilizada pelos trabalhadores:

It has been brought to our attention by several officials visiting our corporate Headquarters that offensive language is commonly used by our Portuguese speaking staff. Such behavior, in addition to violating our Policy, is highly unprofessional and offensive to both visitors and colleagues. In order to avoid such situations please note that all staff is kindly requested to IMMEDIATELY adhere to the following rules:
1)   Words like merda, caralho, foda-se, porra ou puta-que-o-pariu and other such expressions will not be used for emphasis, no matter how heated the discussion.
2)   You will not say cagada when some someone makes a mistake, or ganda-merda if you see somebody either being reprimanded, or que-grande-cagada when a major mistake has been made. All forms derivate from the verb cagar are inappropriate in our environment.
3)   No project-manager, section head, or executive, under no circumstances, will be referred to as filho-da-puta, cabrão, ó-grande-come-merda, or vaca-gorda-da-puta-que-a-pariu.
4)   Lack of determination will not be referred to as falta-de-colhões or coisas-de-maricas and neither will persons who lack initiative as picha-mole, corno or mariconso.
5)   Unusual or creative ideas from your superiors are not to be referred to as punheta-mental.
6)   Do not say esse-cabrão-enche-a-porra-do-juízo if a person is persistant. When a task is heavy to achieve remember that you must not say é-uma-foda. In a similar way, do not use esse-gajo-está-fodido if a colleague is going through a difficult situation. Futhermore, you must not say que-putedo when matters became complicated.
7)   When asking someone to leave you alone, you must not say vai-á-merda. Do not ever substitute “May I help you?” with que-porra-é-que-tu-queres? When things get though, an acceptable statement such as “we are going through a difficult time” should be used, rather than isto-está-tudo-fodido.
8)   No salary increase shall ever be referred to as aumento-dum-cabrão.
9)   Last but not least after reading this memo, please do not say mete-o-no-cú. Just keep it clean and dispose of it properly.     
We hope you will keep these directions in mind.
Thank you.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Coelhos espertos

Com as forças inimigas a entrarem pela cidade dentro, Kadhafi fazia anunciar que passeava anonimamente pela cidade. Mas quem será capaz de passear nas ruas de uma cidade em guerra?
O uso do poder e a sensação da sua perca, propiciam a irracionalidade. Da irracionalidade ao abuso o percurso é nada, rapidamente à sensação do poder a esvair-se se junta a percepção deturpada da realidade. Logo se manifestam atitudes em conformidade, está todo o mundo agindo em contra-mão, apenas ele, o chefe, está no sentido correcto.
Entretanto deixou de passear e escondeu-se. Oferecem-se alvíssaras a quem o entregar, está declarada a caça ao Kadhafi.
Na ilha se Stª Maria os coelhos - que não são conhecidos pela sua racionalidade - fazem buracos (túneis) por baixo das vedações, e, passando para o interior do recinto do aeroporto, conseguem fugir aos caçadores. Cheira-me que o Kadhafi terá aprendido com os coelhos açorianos e utilizado a mesma táctica.  

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Facebook

Tal como na vida lá fora, o facebook não é nem mais nem menos do que um forum. Como em qualquer forum, quando nos dirigimos a uma audiência somos de alguma forma fruto do modo como somos entendidos pelos outros, expomo-nos pública e simultaneamente para uma multiplicidade de pontos de vista na audiência, estamos portanto a sujeitarmo-nos a uma multiplicidade de apreciações.
Quando palestramos tradicionalmente para um conjunto de pessoas, esse conjunto tem normalmente alguma homogeneidade, ou pelo menos algum denominador comum nos seus interesses – que mais não seja porque a palestra será a propósito de algum tema. No facebook não se passa assim, a audiência é heterogénea quer sob o ponto de vista de interesses, quer sob o ponto de vista daquilo que entendem ser o facebook (porque evidentemente não é um instrumento igual para toda a gente).
Este forum assume ainda particularidades novas inerentes às características da comunicação que se estabelece. A comunicação não se processa (literalmente) olhos nos olhos, perde-se a expressão e os seus significados, não se lê, nem se vê, aquilo que numa comunicação directa tantas vezes se consegue perceber de uma forma subentendida. A comunicação cara a cara também não se compõe exclusivamente de palavras, mas quando falamos é todo o nosso corpo que fala, as mensagens processam-se através de todos os gestos e atitudes. Quantas vezes o toque físico ajuda a ser mais explícito?
No facebook perdem-se estas “muletas” do discurso verbal, mas ganham-se outras como por exemplo as imagens. Nunca como aqui, o provérbio “uma imagem vale mais do que mil palavras”, tem aplicação tão adequada.
Depois acontecem dois tipos de mensagens/posts: os que são dirigidos exclusivamente para alguém, e os outros que são dirigidos para todos, para a amálgama. No primeiro caso acho que será preferível o e.mail. No segundo caso corremos o risco de não acertar com a nossa mensagem em ninguém.
No meu entendimento do facebook, em qualquer caso os posts colocados devem ser realmente (por oposição a virtualmente) francos, para que possamos ser então sujeitos a apreciações realmente francas. Aceito no entanto, embora não seja essa a minha atitude, que o facebook seja utilizado para inventar alter egos, personalidades alternativas, heterónimos, pseudónimos ou qualquer personagem – tal como na vida lá fora.

Depois destas asserções, o mais interessante será saber o que dizem os conhecedores das teorias da comunicação acerca deste fenómeno (relativamente) recente que é o facebook em particular, e as redes sociais genericamente.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

Cerimónias de encerramento

Preparo-me então para assistir à grande final, Portugal vai jogar para ser campeão! Refastelo-me no sofá, cerveja fresquinha de um lado, cinzeiro no outro e estico as pernas.
Estou já a imaginar: Portugal com menos de 40% de posse, jogadores todos atrás da linha da bola, atingindo a canela quando não chegam à dita, a jogar muito bem de trás para trás porque não conseguem jogar para a frente, grande eficácia defensiva.
Bom, deixem-me largar o devaneio e tomar atenção à emissão… Cerimónia de encerramento.
O quê? Já? Ainda nem vi o jogo e estou já na cerimónia de encerramento? O jogo da final já não conta para o campeonato? (1)
Não está mal visto não senhor. Afinal de contas nem vale a pena dar início ao jogo, de tal forma é tão previsível. “Vamos dispensar a realização do jogo e passamos de imediato à cerimónia de encerramento”. Terão decidido os organizadores.
Cá temos excelente exemplo para ser aplicado nos jogos transmitidos do campeonato cá do burgo. Tão pobrezinha a qualidade dos nossos jogos domésticos que mais valia substitui-los por outros eventos, como no caso, cerimónias de encerramento.

(1) Na realidade a cerimónia de encerramento realizou-se antes do jogo final.

A grande invasão (continuação)

Os tubarões já chegaram!
Aceitam-se apostas para quem chega a seguir!

sábado, 20 de agosto de 2011

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A grande invasão

Animais das mais variadas espécies, assim como plantas (nomeadamente árvores), estão avançando para Norte 17 km por ano, ou seja, 46 metros e meio por dia. Este avanço deve-se - adivinhem… - às alterações climáticas. Segundo o DN que recorre à Science, este movimento migratório não é apenas em direcção ao norte, como também se verifica em altitude.
Cuidado portanto caros amigos! Não tarda teremos à nossa porta elefantes, tigres, girafas e hienas. Palmeiras é já vulgar vê-las por tudo quanto é jardim ou passeio público. Alguns macacos também já têm sido avistados com frequência.
De vez em quando digo à minha mulher, que gosta de coleccionar animais de estimação, que o bicho que eu gostaria de ter em casa seria um jacaré, assim um lagarto mas em grande. Pode ser que daqui a uns tempos ela acabe por concordar comigo.
Quando as protectoras dos animais se depararem com um orangotango abandonado ou sozinho em casa durante as férias, aí eu vou assistir aos comentários da ordem: “Coitadinho do bicho!”
Há também o problema dos ursos polares. Os do Antártico (há ursos no pólo sul?) estão safos, podem vir por aí acima ocupar o lugar dos que sairão de África. Os da Gronelândia é que vão ficar pior, migram para onde?  

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Maioridade

18º aniversário numa perspectiva prática pouco significa, os dias sucedem-se uns aos outros quase iguais, e ter comemorado 18 anos não acrescenta objectivamente nada. Sob o ponto de vista simbólico é importante, é a maioridade reconhecida por papel passado. A partir desse dia passa-se a ser adulto oficialmente, dispensa-se o aval dos pais para muita burocracia.
Na realidade há casos em que já se largou a adolescência algum tempo atrás, outros casos há em que a adolescência é transportada até mais tarde. Na vida não há portanto uma ocasião bem definida em que se possa dizer exactamente quando se passa a ser adulto.
Acho que talvez só se seja verdadeiramente adulto a partir do momento em damos connosco a ter saudades da juventude (saudades de ser mais novo). Enquanto temos a capacidade de usufruir da nossa verdadeira idade, de tirarmos verdadeiro partido do que a idade – e a experiência de vida - nos oferece, aproveitando as vantagens do caminho percorrido, enquanto nos sentirmos assim aptos a gozar a vida, não deixamos nunca de ser de alguma forma adolescentes.
Muitos Parabéns minha querida filha Isa, é importante não perder nunca “la joie de vivre” característica dos pré 18 anos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

O desejo de abalar

Já aconteceu várias vezes: por uma razão ou por outra, levar uma pessoa amiga ao aeroporto.
Na altura da despedida atravessa-me uma sensação única, a vontade de também ir, a vontade de sair, de mudar. Dou comigo recordando outras ocasiões em que eu próprio apanhei voo. Logo sinto os pés em terra lembrando que tenho a minha vida toda “montada” por cá.
O desejo de abalar transforma-se em sensação esquisita, mistura-se contraditoriamente com uma espécie de saudade antecipada. É o querer e o não querer simultaneamente. Ao sonho do “el dorado” lá de fora, junta-se o apego à “minha gente”. Existem lado a lado uma necessidade oculta de mudança, e, uma ancoragem irritantemente presente ao que me rodeia.
Este mix de sentimentos não me deixa nada confortável, faz-me lembrar os Trovante “…entre as dúvidas do que sou e onde quero chegar”. O que me safa é que o dilema desaparece do mesmo modo que apareceu: rapidamente.
Vamos lá então à vidinha, que me esperam problemas para resolver e preocupações para ultrapassar…

sábado, 13 de agosto de 2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ontem e hoje


“Comiam pouco e bebiam vinho ao pequeno-almoço. Em casa, dormiam todos juntos. Tinham pavor ao castigo divino, mas chegavam a fazer sexo dentro das igrejas.
… muitas uniões entre duas pessoas não passavam pela igreja. Bastava que as famílias chegassem a acordo e que alguém com credibilidade pública reconhecesse a relação para que o casal pudesse viver na mesma casa.
As igrejas eram importantes lugares de abrigo. Para lá convergiam os fiéis no fim das romarias. Ali comiam e bebiam. Colocavam pipas e copos em cima dos altares, cantavam e dançavam em grandes festas que se prolongavam pela noite fora.”

Estas citações foram retiradas do artigo “A vida dos primeiros portugueses” in SÁBADO nº368 de 19 de Maio de 2011.

Percebe-se aqui a dessacralização da igreja. Quer como lugar agregador na comunidade, quer como tecto protector para a celebração do prazer, mesmo quando em segredo.
Mais de 800 anos depois, hoje a igreja é lugar de recato, de celebrações sagradas e de manifestações comedidas (quando as há). O profano e a espiritualidade são hoje em dia conceitos completamente diferentes, dos de então. Para bem entendermos o relacionamento das populações com o sagrado no séc. XII, seria ideal que nos conseguíssemos colocar lá, utilizando os mecanismos do pensamento do tempo.
Mesmo com investigação da História, em qualquer apreciação que façamos, teremos sempre muita dificuldade em afastarmo-nos da perspectiva e do entendimento do séc. XXI.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

terça-feira, 9 de agosto de 2011

On fire

Andam os nervos à flor da pele. Os ânimos estão crispados e qualquer faisquinha é suficiente para desencadear um fogo incontrolável.
As tensões estão hibernando mas alimentam-se dos detalhes que se vão sucedendo. A pressão vai-se acumulando no grande pote onde todos os interesses se misturam. O equilíbrio de interesses – atitude mais cómoda - esquece-se facilmente quando algum desses interesses acha que chegou a altura de esticar a corda, de desequilibrar. Então, quem achava que tinha a situação sob controlo vê-se confrontando com o mágico a sair da lamparina. Só que desta vez não é para atender aos desejos do dono…
Podemos reparar em exemplos destes nas recentes interferências dos chamados “mercados”, e com as ainda mais recentes manifestações(?) em Inglaterra.

Quanto aos “mercados” muita opinião e comentário tem sido emitido, tem-se falado muito e muito mais se há-de falar.
Quanto à Batalha de Inglaterra, algumas facetas do acontecido convem focar:
·       Contestação ao establishement, sempre se verificou em todas as gerações;
·       Não foi dada notícia que os “manifestantes” fossem gente trabalhadora ou “chefes de família”, ou seja, parece tratar-se de pessoas que socialmente nada têm a perder;
·       O processo de integração na sociedade, de socialização, dos actuantes, não foi de certeza o mesmo pelo qual passaram aqueles que determinam as regras agora desrespeitadas;
·       Incapacidade (em qualquer das partes) em compreender o outro, aquele que é diferente.
Alguns outros aspectos poderiam ser referidos, mas sublinho estes porque ainda não os vi assinalados na comunicação social.

Encontro ainda e mais uma vez presente, a atitude reveladora da falta de raciocínio:
“Não concordo, logo destruo!”   

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

Mulherio

A nova Secretária de Estado da Igualdade (…e dos Assuntos Parlamentares), desde que tomou posse nomeou já 10 pessoas para o seu gabinete – todas são mulheres!
Aplicação literal do conceito de igualdade: género igual.
Haverá aqui a pretensão de atenuar a diferença relativamente à quantidade de homens que entretanto entraram para outras Secretarias e organismos do Estado? Duvido que tivesse sido feita essa contabilidade. Neste caso particular as cotas foram mandadas às urtigas, as cunhas não. O número não é significativo, a atitude sim.
A avaliar pela prática que tem sido comum, essas 10 nomeações terão sido para pessoas conhecidas da nomeante, com competência técnica e profissional “largamente demonstrada”. Então e a fidelidade política, não conta?

Coincidência serem todas mulheres? Não! Habitualmente são as mulheres que se queixam das situações de desigualdade, os homens nem por isso. Será portanto conveniente serem as mulheres a gerir a problemática da igualdade, talvez elas tenham uma sensibilidade mais apurada para equilibrar a presença dos sexos nos centros de decisão.
A preocupação deveria ser a qualidade das decisões, não o género de quem decide. Com tanto mulherio, para já a Secretária começa por não dar bons sinais nesse sentido.  

sábado, 6 de agosto de 2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não concordo...

Soube da ideia que o Presidente da Câmara de Vilnius defende para resolver o problema dos carros mal estacionados: esmagar literalmente as viaturas.
Vi ainda que depois de tal acto, o dito Presidente dirigiu-se ao proprietário da viatura destruída estendendo-lhe a mão (para o cumprimentar?), recomendando-lhe: “Na próxima vez estacione o carro legalmente!”
Afinal parece que terá sido tudo encenado mas complementado com a seguinte afirmação: "O objectivo é chamar a atenção para a forma como nos comportamos na nossa cidade e encorajar as pessoas a reportar qualquer infracção de trânsito à polícia."

Salvaguardando a diferença de proporções, e recordando o massacre de 22 de Julho em Oslo, sou levado a suspeitar que em ambos os casos, a raiz do pensamento subjacente a estas atitudes, será muito semelhante:
“Não concordo, logo destruo!”   

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Exemplos que vêm de cima

Está a mudar o paradigma das transações comerciais e financeiras. Senão tomem atenção:
1)     O governo paga para vender, ou seja, precisou gastar acima de 2500 para poder vender por 40 (milhões de euros).
2)     O benfica vende ligeiramente acima daquilo que comprou, um bem que desvalorizou.

Não faz sentido!
Eu não gasto dinheiro para uma venda a baixo preço, eu não deprecio um bem que coloco no mercado... faltam aqui pormenores a serem explicados.
Estes problemas interessam-me a partir do momento em que me tocam à porta. O primeiro tem a ver comigo na medida em que o governo se deve responsabilizar pelo dinheiro que eu lhe entrego em impostos, o segundo, directamente, não me interessa nada.
No entanto gostaria de saber como qualquer dos dois casos se processou, terei alguma coisa a aprender, há de certeza aqui novidade no que toca à tramitação dos negócios.
Haverá alguém que me dê umas dicas a propósito? Ou terei que me reciclar e frequentar um desses novos cursos que ensinam como subir no carreirismo político ou no dirigismo desportivo?

quinta-feira, 28 de julho de 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pára tudo!

Estava tudo nesta modorra irresistível dos 30 e muitos graus de forte Estio, eis senão quando ligando a televisão, me (a)parece tudo, mas tudo, encarnado.
Ele é resumos do jogo, depois conferência de imprensa em directo, depois novamente resumo, depois os comentadores de serviço arengando sobre as transições, a seguir outra vez resumo, ainda mais conversa, entrevistas… Chiça, que não há mais assunto?

Pois é, abriu a época dos chutos. Pára tudo que está na hora do pontapé na bola! Se a tendência era o deslizar para o lado da dormência nas mentes, já cá temos então o circo para agitar as massas.
A política vai finalmente poder gozar uns diazitos de férias, tanto mais quanto haja casos no futebol que justifiquem os cabeçalhos dos jornais.

terça-feira, 26 de julho de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Winehouses

Aqui há anos estando como turista em Londres, achei estranho que nos mini-mercados de bairro existisse grande variedade de vinhos de várias proveniências e latitudes (Itália, Espanha, Chile, Califórnia, até Austrália) mas de vinhos portugueses, népia. Intrigado entrei em duas ou três lojas da especialidade – winehouses – e por coincidência ou não, vinhos portugueses também não.
Soubesse eu que a Winehouse, a mediática, parava por Camden, muito perto do bairro onde eu estava, e talvez ela me soubesse indicar então onde encontrar vinhos portugueses.

Só por curiosidade fica aqui registado que uns dias mais tarde, deparei em França com um estabelecimento que vendia exclusivamente vinhos portugueses, propriedade de um português, por sinal.

domingo, 24 de julho de 2011

sábado, 23 de julho de 2011

Subindo o nível

O Governo do Nepal ordenou uma nova medição do Monte Evereste para determinar com precisão a altitude da montanha mais alta do mundo. Há razões para supor que o nível dos Himalaias tem estado a subir gradualmente.
Enquanto o Nepal vai subindo, nós por cá debatemo-nos aflitos tentando não descer. Andamos com estrangeiros à nossa volta, cada um a chatear mais do que o outro em tentativas desenfreadas para nos colocar abaixo da linha d’água.
Compete agora ao Ministério dos Estrangeiros desenvolver esforços lá fora para que mudem o foco das atenções que dedicam a Portugal. Em vez de se preocuparem com ratings, dívidas, deficits e compras de empresas, deviam pôr os olhos (e os teodolitos) na Serra da Estrela ou na Serra da Arrábida.
Suspeito que a Serra da Arrábida está ficando com nível mais alto porque quando por lá passeio, me parece cada vez mais difícil chegar ao alto. Quanto à Serra da Estrela, espero opinião entendida para os próximos dias quando os ciclistas da Volta a Portugal tiverem que subir à Torre.
Troikas, FMI´s, UE’s, agências de ratear, deveriam visitar as nossas serras para verificarem “in loco” os níveis de Portugal.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Incêndios, clima

Começou o Verão já lá vai um mês e de incêndios poucas notícias, felizmente.
A anormalidade da meteorologia muito tem contribuído para tal, calor não tem havido muito. Gostaria de saber que este facto se teria ficado a dever a todo um trabalho de prevenção efectuado antes do Verão. Mas não, acerca de acções preventivas nem uma palavra, nem uma notazinha de fim de página.
Mais uma vez ficamos a saber que uma boa ocorrência se deve não a um trabalhado planeado e estruturado, mas pura e simplesmente ao acaso. Por acaso não tem havido calor, por acaso não têm havido fogos significativos. Será nossa sina ficarmos entregues aos humores da sorte? Triste fado!
Mas… lá tinha que vir a má nova:
No primeiro semestre deste ano ardeu área três vazes maior do que no primeiro semestre do ano passado, sendo que a maioria se verificou em Março, Abril e Junho.

Quer isto dizer então que durante os meses fora da época quente, não só não se fez o que deveria ter sido feito – prevenção de incêndios – como também não se cuidou do combate efectivo. Isto é, não se preveniu nem remediou.
Nessa ocasião talvez não tivesse sido o acaso ou a sorte, talvez tivesse sido o azar, o azar de ter havido demasiado calor. O clima de facto é uma chatice!
Quando chove de mais lá vêm as inundações e a quebra de produção agrícola. Quando não chove e os dias secos se sucedem é certinho que também a agricultura se ressente. Quando o granizo ataca lá se perde a produção nos pomares. Calor a mais significa fogos nas florestas.  
Mas que raio! Porque é que o clima não é sempre igual?

terça-feira, 19 de julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O bom negócio do lixo

Os estrangeiros decidiram classificar-nos como lixo. Recomendam as boas práticas ecológicas que o lixo deve ser sujeito a triagem e a tratamento. Vamos então separar o nosso lixo reciclável, tratando depois de o revalorizar e de o reutilizar. Não precisaremos então de gastar dinheiro com o lixo estrangeiro.
Pelo contrário, o que vai acontecer é que o governo se prepara para pôr Portugal à venda via privatizações, que vão abrir portas a que estrangeiros decidam nas empresas. O esquema foi já compreendido: nos negócios quem quer comprar esforça-se por obter o mais baixo preço, há então que desvalorizar e menosprezar o bem a comprar.
Tanto assim é que um alto responsável financeiro europeu (presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira - FEEF), classificou o “resgate da dívida portuguesa como bom negócio”. Está então o jogo exposto: - Lixo? Compramos! Dizem os financeiros lá de fora.
Bom negócio?! Pelo menos para uma das partes. Pela nossa parte, quem tem o descaramento de dizer que foi um bom negócio?
Em vez de entregarmos as empresas aos estrangeiros, deixemos para o FEEF o lixo sem aproveitamento, isto é, aquilo que deveria ir para aterro ou para incineradora deverá ir direitinho para os FEEFs deste mundo.
Talvez então o negócio do lixo seja um bom negócio (para nós).

sábado, 16 de julho de 2011

Foge comigo Maria


Conhecem a Maria deste video?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Islândia

A Islândia e os islandeses não param de surpreender!
Têm uns vulcões que quando se lembram de descomprimir conseguem baralhar, paralisar mesmo, o tráfego aéreo europeu. Fenómenos deste tipo caracteristicamente não europeus, não existem apenas em meio natural, podemos observá-los também em meio social.
Primeiro foi a suspensão do pagamento das dívidas a estrangeiros depois da derrocada da banca.
De seguida calhou a ex-governantes serem chamados a tribunal para responderem porque se governaram indevidamente, por gestão danosa dos bens públicos.
Depois foi o processo (em curso) da revisão da Constituição do país: foi eleita expressamente para a função, uma comissão de 25 cidadãos, exterior ao Parlamento (e à estrutura de poder instituída). Este processo de revisão conta com a contribuição activa da população através de diversas formas (correio convencional e electrónico, redes sociais, reuniões a propósito), exemplo de democracia participativa portanto, não só representativa.
Verifica-se uma tendência acentuada para a compra de terras. Acham os islandeses que este bem tangível lhes dá mais segurança que os “bens” virtuais/financeiros que já foram.
A mais recente notícia que tive conhecimento, foi a de que se discute actualmente um projecto para que o tabaco passe a ser vendido exclusivamente em farmácias e só sob autorização médica. Tal como qualquer outra droga, digo eu. Qualquer dia será talvez a cerveja e o whisky, já que o álcool propriamente dito, já há na botica.
Estou ansioso para saber o que virá a seguir!

O que incomoda um país com 400.000 pessoas, ao resto do mundo? Nada! Por isso convém registar para memória futura.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Al-Gharb 1146

“Decido-me a acompanhar Ibn Gânia durante parte do trajecto de regresso a Sevilha. Fazia gosto de partilhar com ele um velho prazer meu, o de deambular ao acaso, sem pressas nem destino, pelo buliçoso souk de Mértola àquela hora variável, dependente das marés, em que os mercadores se reúnem para expedir a mercadoria rio abaixo – o Guadiana, todo de tonalidades glaucas, o uade Ana, o rio da Ovelha que serpenteia com caprichoso geometrismo até à foz.
… tornou-se um hábito de há tempos fazer uma pausa … na que já foi a poderosa taifa de Mértola, a bela cidade na colina, dominada pela mesquita e pelo kasr. Um muge, um peixe do rio de carne branca e firme, frito com coentros ou em sikbay (molho de escabeche) justifica amplamente a escala “técnica”.
De súbito, gritos de dor lacinantes, súplicas pungentes de socorro. Um corpo envolto numa túnica negra debate-se, retorce-se, encarquilha-se, crepita todo em labaredas. No meio das chamas que se desprendem das roupas ainda vislumbro um rosto de menina e uns longos cabelos loiros também já a arder.
Gera-se o pânico no mercado de Mértola. Os dez soldados tuaregues da escolta pessoal de Ibn Gânia, que não largam o seu chefe um só minuto, receando tudo e todos, juntam-se ao povo que tenta, em vão, apagar o fogo que devora a jovem mulher.
Nesse preciso instante, quatro vultos que ainda há pouco, negociavam numa melopeia interminável um cesto de “chilarcas” uma espécie de cogumelos da região, rodeiam Ibn Gânia e, sem que eu pudesse esboçar um mínimo movimento, trespassam-no com estocadas secas e precisas.
Os soldados da guarda apercebem-se, embora tarde demais, do sucedido. Derrubam os vultos, pontapeiam-nos e, a golpes de lança e cimitarra, pefuram, esquartejam, decepam os corpos que nenhuma resistência oferecem, preparados que estavam para o holocausto. Os rostos mutilados de quatro jovens esboçam um derradeiro sorriso de missão cumprida e recompesa esperada no Paraíso de Alá. Apenas num deles creio ter vislumbrado um angustiado ricto de dúvida de última hora. Patético! Dos cadáveres desprende-se, como uma névoa de vapor, um forte cheiro de haxixe.
… rigorosamente à mesma hora em que Ibn Gânia era assassinado no mercado de Mértola, uma freira tenta aproximar-se de Afonso VII … em Toledo…
Dois soldados de Afonso VII detiveram-na de imediato… Num ápice a falsa monja, envolta em salitre, nafta e betume, transforma-se num archote… desintegrando-se num farrapo de carne. Os guardas pessoais ficam logo ali estralhaçados, estourados pela vilolência da explosão. O rei escapa á morte por um fio…
Mais uma vez, segundo constava do relatório, o cheiro inebriante de cânhamo queimado, de haxixe, subrepunha-se ao dos explosivos.
… Não foi por acaso que o terror assassino escolheu como seus primeiros alvos, no Al-Andalus, Ibn Gânia, no Sul, e Afonso VII, no Norte. Ambos, cada um nas suas “circunstâncias”, personificavam a prudência e a moderação.
Mas os deuses da intolerância são ávidos, têm sede, muita sede…”

Alberto Xavier, Al-Gharb 1146 Uma viagem onírica ao Portugal muçulmano. Bertrand Editora, 2005

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Justificação

Tive que tratar de um assunto junto de um médico, num centro de saúde público.  
Para lá fui logo de manhãzinha contando que quanto mais cedo lá estivesse, mais depressa me despacharia – pensava eu. Porque não era urgente e porque não tinha marcação (as marcações foram feitas com 4 semanas de antecedência), chamaram-me ao fim da manhã, isto é, passei meio dia de espera.
À saída reclamei no guichet:
- Não faz sentido perder uma manhã inteira para obter um papel!
Respondeu-me a senhora de serviço:
- Se quiser passamos-lhe uma justificação para o tempo que aqui esteve.
- Minha senhora, a justificação não me faz falta! Tinha compromissos assumidos, aos quais faltei. Não fiz o que deveria ter feito!

É esta a mentalidade instalada, não só nos serviços públicos: a preocupação não é fazer bem, não é a eficácia, é a justificação! Será que pensam que a justificação é produção?
Não fazer é irrelevante, importante é explicar porque não foi feito.
As consciências ficam então tranquilas.

sábado, 9 de julho de 2011

sexta-feira, 8 de julho de 2011

I simply adore monster movies! And cheaper they are, better they are!

Esta frase - Frank Zappa - que sempre me acompanhou desde a adolescência, tem hoje um significado diferente daquele que me habituou. Nesse tempo, filmes de terror seriam talvez a matéria mais entusiasmante, o mais fora dos eixos, que a TV nos oferecia. Hoje não tenho já grande apreço por filmes de terror, no entanto ficou-me o encanto pela fantasia, pelas histórias fantásticas.
… é claro que me ficou também o maior dos apreços pelo fantástico que continua a ser Frank Zappa…
Contudo, a fantasia regressou para mim a níveis muito mais primários: adoro agora ser surpreendido por tesouros perdidos, por mouras encantadas, por golpes de mágica, pela interferência do maravilhoso.
Monster movies não têm já nada a ver com sangue, mortes, sustos ou terror (para isso temos o correio da manha, desde que deixou de existir o jornal o crime). Monster movies continuam a ser as aberrações mas já não mexem com as emoções, são ainda um apelo às gavetas escondidas do cérebro mas sem deixar grandes marcas.

Os indianos encontraram na cave de um palácio antigo um tesouro em quantidade tal de preciosidades (metais e pedras), que nos permitiriam a nós portugueses, não ter pedido uma grande parte daquilo que pedimos ao exterior. Não é isto fantástico? Do reino da fantasia… tornada real?

Já agora acabo a citação do Zappa (oiçam Cheepins, no Roxy & Elsewhere, 1974):
“… and the cheapness of a monster movie has nothing to do with the budget of the film, although helps.”

quinta-feira, 7 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Primo do Coração

In Memoriam


Rajadas de vento inesperadas
O ar sufocante a ameaçar trovoadas
Dia de sol envergonhado nas estradas
Rios alterosos de torrentes enlameadas
Invios caminhos para gentes avisadas
Guarda o som das crianças assustadas
Ouve o silêncio das palavras caladas

Barcos cruzam mentes viajadas
Almas tristes e zangadas
Ruas bordejam portas fechadas
Recordações de situações atribuladas
Altas expectativas sonhadas
Dias felizes de estórias engraçadas
Armas em riste preparadas
Salve ó Barradas

Postado por Luis Pereira às 13:06 de 6 de Julho de 2009
In blog “Adamastor” http://riachos.blogspot.com

segunda-feira, 4 de julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Barcos

Aproxima-se o evento pelo qual tenho esperado, com alguma ansiedade, desde há um ano: a Decida do Guadiana em canoa. Vai ser um fim de semana em cheio, assim uma espécie de acampamento ambulante durante 3 dias e 2 noites, sem mochilas às costas mas deslocando-me remando.
Isto traz-me à lembrança outras viagens de barco que já efectuei, cada uma ao seu nível, mas qualquer delas com marcas deixadas que nunca esquecem.
As passagens Trafaria/Belém, rotineiras, quotidianas, e das quais só agora percebo porque me agradava muito mais o sentido Belém/Trafaria do que o inverso: é que de Belém para a Trafaria eu ia para casa, no outro sentido saía de casa. 20 minutos de viagem, conversa com os companheiros de circunstância, descobrindo todos os dias pormenores nas margens do rio, como se em cada vez as terras de Algés e Pedrouços ou Porto Brandão e Murfacém, fossem diferentes da véspera. E quando havia temporal! Xi, que até as peixeiras rezavam!
Outra experiência inolvidável foi uma travessia de 24 horas nos mares dos Açores. Mar chão e ondas alterosas, golfinhos e peixes voadores, sereias em seco, copos no bar e vento na cara. A embarcação não era muito maior que as da travessia do Tejo.
Ainda nos Açores a travessia do canal – já ouviram falar no Mau Tempo no Canal? Pois o canal é esse mesmo entre a Madalena (Pico) e Horta (Faial) – onde vi a água mais alta que o barco. Mas, sensação estranha, nunca me pareceu que aquela parede de água desabasse sobre o barquito. Depressa me apercebi que era uma espécie de baloiço, ora estávamos em cima, ora estávamos em baixo!
… e outras… no Sado, no Algarve, em Trás-os-Montes, em Milfontes…

Nunca apanhei nenhum susto, talvez seja por isso que nunca senti verdadeiramente medo. Quem sabe se para estes casos se aplica também aquele ditado: “Deus dá o frio conforme a roupa”? Ou seja, o primeiro passo para apanhar um susto é ter medo. Ou então por outras palavras: nada melhor para que qualquer coisa corra mal, do que começar a pensar que vai de facto correr mal.