sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ontem e hoje


“Comiam pouco e bebiam vinho ao pequeno-almoço. Em casa, dormiam todos juntos. Tinham pavor ao castigo divino, mas chegavam a fazer sexo dentro das igrejas.
… muitas uniões entre duas pessoas não passavam pela igreja. Bastava que as famílias chegassem a acordo e que alguém com credibilidade pública reconhecesse a relação para que o casal pudesse viver na mesma casa.
As igrejas eram importantes lugares de abrigo. Para lá convergiam os fiéis no fim das romarias. Ali comiam e bebiam. Colocavam pipas e copos em cima dos altares, cantavam e dançavam em grandes festas que se prolongavam pela noite fora.”

Estas citações foram retiradas do artigo “A vida dos primeiros portugueses” in SÁBADO nº368 de 19 de Maio de 2011.

Percebe-se aqui a dessacralização da igreja. Quer como lugar agregador na comunidade, quer como tecto protector para a celebração do prazer, mesmo quando em segredo.
Mais de 800 anos depois, hoje a igreja é lugar de recato, de celebrações sagradas e de manifestações comedidas (quando as há). O profano e a espiritualidade são hoje em dia conceitos completamente diferentes, dos de então. Para bem entendermos o relacionamento das populações com o sagrado no séc. XII, seria ideal que nos conseguíssemos colocar lá, utilizando os mecanismos do pensamento do tempo.
Mesmo com investigação da História, em qualquer apreciação que façamos, teremos sempre muita dificuldade em afastarmo-nos da perspectiva e do entendimento do séc. XXI.

1 comentário:

  1. É verdade :) Mudam-se as mentalidades e os comportamentos e perde-se, muitas vezes, a capacidade de leitura da coisas.

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