quinta-feira, 28 de julho de 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pára tudo!

Estava tudo nesta modorra irresistível dos 30 e muitos graus de forte Estio, eis senão quando ligando a televisão, me (a)parece tudo, mas tudo, encarnado.
Ele é resumos do jogo, depois conferência de imprensa em directo, depois novamente resumo, depois os comentadores de serviço arengando sobre as transições, a seguir outra vez resumo, ainda mais conversa, entrevistas… Chiça, que não há mais assunto?

Pois é, abriu a época dos chutos. Pára tudo que está na hora do pontapé na bola! Se a tendência era o deslizar para o lado da dormência nas mentes, já cá temos então o circo para agitar as massas.
A política vai finalmente poder gozar uns diazitos de férias, tanto mais quanto haja casos no futebol que justifiquem os cabeçalhos dos jornais.

terça-feira, 26 de julho de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Winehouses

Aqui há anos estando como turista em Londres, achei estranho que nos mini-mercados de bairro existisse grande variedade de vinhos de várias proveniências e latitudes (Itália, Espanha, Chile, Califórnia, até Austrália) mas de vinhos portugueses, népia. Intrigado entrei em duas ou três lojas da especialidade – winehouses – e por coincidência ou não, vinhos portugueses também não.
Soubesse eu que a Winehouse, a mediática, parava por Camden, muito perto do bairro onde eu estava, e talvez ela me soubesse indicar então onde encontrar vinhos portugueses.

Só por curiosidade fica aqui registado que uns dias mais tarde, deparei em França com um estabelecimento que vendia exclusivamente vinhos portugueses, propriedade de um português, por sinal.

domingo, 24 de julho de 2011

sábado, 23 de julho de 2011

Subindo o nível

O Governo do Nepal ordenou uma nova medição do Monte Evereste para determinar com precisão a altitude da montanha mais alta do mundo. Há razões para supor que o nível dos Himalaias tem estado a subir gradualmente.
Enquanto o Nepal vai subindo, nós por cá debatemo-nos aflitos tentando não descer. Andamos com estrangeiros à nossa volta, cada um a chatear mais do que o outro em tentativas desenfreadas para nos colocar abaixo da linha d’água.
Compete agora ao Ministério dos Estrangeiros desenvolver esforços lá fora para que mudem o foco das atenções que dedicam a Portugal. Em vez de se preocuparem com ratings, dívidas, deficits e compras de empresas, deviam pôr os olhos (e os teodolitos) na Serra da Estrela ou na Serra da Arrábida.
Suspeito que a Serra da Arrábida está ficando com nível mais alto porque quando por lá passeio, me parece cada vez mais difícil chegar ao alto. Quanto à Serra da Estrela, espero opinião entendida para os próximos dias quando os ciclistas da Volta a Portugal tiverem que subir à Torre.
Troikas, FMI´s, UE’s, agências de ratear, deveriam visitar as nossas serras para verificarem “in loco” os níveis de Portugal.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Incêndios, clima

Começou o Verão já lá vai um mês e de incêndios poucas notícias, felizmente.
A anormalidade da meteorologia muito tem contribuído para tal, calor não tem havido muito. Gostaria de saber que este facto se teria ficado a dever a todo um trabalho de prevenção efectuado antes do Verão. Mas não, acerca de acções preventivas nem uma palavra, nem uma notazinha de fim de página.
Mais uma vez ficamos a saber que uma boa ocorrência se deve não a um trabalhado planeado e estruturado, mas pura e simplesmente ao acaso. Por acaso não tem havido calor, por acaso não têm havido fogos significativos. Será nossa sina ficarmos entregues aos humores da sorte? Triste fado!
Mas… lá tinha que vir a má nova:
No primeiro semestre deste ano ardeu área três vazes maior do que no primeiro semestre do ano passado, sendo que a maioria se verificou em Março, Abril e Junho.

Quer isto dizer então que durante os meses fora da época quente, não só não se fez o que deveria ter sido feito – prevenção de incêndios – como também não se cuidou do combate efectivo. Isto é, não se preveniu nem remediou.
Nessa ocasião talvez não tivesse sido o acaso ou a sorte, talvez tivesse sido o azar, o azar de ter havido demasiado calor. O clima de facto é uma chatice!
Quando chove de mais lá vêm as inundações e a quebra de produção agrícola. Quando não chove e os dias secos se sucedem é certinho que também a agricultura se ressente. Quando o granizo ataca lá se perde a produção nos pomares. Calor a mais significa fogos nas florestas.  
Mas que raio! Porque é que o clima não é sempre igual?

terça-feira, 19 de julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O bom negócio do lixo

Os estrangeiros decidiram classificar-nos como lixo. Recomendam as boas práticas ecológicas que o lixo deve ser sujeito a triagem e a tratamento. Vamos então separar o nosso lixo reciclável, tratando depois de o revalorizar e de o reutilizar. Não precisaremos então de gastar dinheiro com o lixo estrangeiro.
Pelo contrário, o que vai acontecer é que o governo se prepara para pôr Portugal à venda via privatizações, que vão abrir portas a que estrangeiros decidam nas empresas. O esquema foi já compreendido: nos negócios quem quer comprar esforça-se por obter o mais baixo preço, há então que desvalorizar e menosprezar o bem a comprar.
Tanto assim é que um alto responsável financeiro europeu (presidente do Fundo Europeu de Estabilização Financeira - FEEF), classificou o “resgate da dívida portuguesa como bom negócio”. Está então o jogo exposto: - Lixo? Compramos! Dizem os financeiros lá de fora.
Bom negócio?! Pelo menos para uma das partes. Pela nossa parte, quem tem o descaramento de dizer que foi um bom negócio?
Em vez de entregarmos as empresas aos estrangeiros, deixemos para o FEEF o lixo sem aproveitamento, isto é, aquilo que deveria ir para aterro ou para incineradora deverá ir direitinho para os FEEFs deste mundo.
Talvez então o negócio do lixo seja um bom negócio (para nós).

sábado, 16 de julho de 2011

Foge comigo Maria


Conhecem a Maria deste video?

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Islândia

A Islândia e os islandeses não param de surpreender!
Têm uns vulcões que quando se lembram de descomprimir conseguem baralhar, paralisar mesmo, o tráfego aéreo europeu. Fenómenos deste tipo caracteristicamente não europeus, não existem apenas em meio natural, podemos observá-los também em meio social.
Primeiro foi a suspensão do pagamento das dívidas a estrangeiros depois da derrocada da banca.
De seguida calhou a ex-governantes serem chamados a tribunal para responderem porque se governaram indevidamente, por gestão danosa dos bens públicos.
Depois foi o processo (em curso) da revisão da Constituição do país: foi eleita expressamente para a função, uma comissão de 25 cidadãos, exterior ao Parlamento (e à estrutura de poder instituída). Este processo de revisão conta com a contribuição activa da população através de diversas formas (correio convencional e electrónico, redes sociais, reuniões a propósito), exemplo de democracia participativa portanto, não só representativa.
Verifica-se uma tendência acentuada para a compra de terras. Acham os islandeses que este bem tangível lhes dá mais segurança que os “bens” virtuais/financeiros que já foram.
A mais recente notícia que tive conhecimento, foi a de que se discute actualmente um projecto para que o tabaco passe a ser vendido exclusivamente em farmácias e só sob autorização médica. Tal como qualquer outra droga, digo eu. Qualquer dia será talvez a cerveja e o whisky, já que o álcool propriamente dito, já há na botica.
Estou ansioso para saber o que virá a seguir!

O que incomoda um país com 400.000 pessoas, ao resto do mundo? Nada! Por isso convém registar para memória futura.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Al-Gharb 1146

“Decido-me a acompanhar Ibn Gânia durante parte do trajecto de regresso a Sevilha. Fazia gosto de partilhar com ele um velho prazer meu, o de deambular ao acaso, sem pressas nem destino, pelo buliçoso souk de Mértola àquela hora variável, dependente das marés, em que os mercadores se reúnem para expedir a mercadoria rio abaixo – o Guadiana, todo de tonalidades glaucas, o uade Ana, o rio da Ovelha que serpenteia com caprichoso geometrismo até à foz.
… tornou-se um hábito de há tempos fazer uma pausa … na que já foi a poderosa taifa de Mértola, a bela cidade na colina, dominada pela mesquita e pelo kasr. Um muge, um peixe do rio de carne branca e firme, frito com coentros ou em sikbay (molho de escabeche) justifica amplamente a escala “técnica”.
De súbito, gritos de dor lacinantes, súplicas pungentes de socorro. Um corpo envolto numa túnica negra debate-se, retorce-se, encarquilha-se, crepita todo em labaredas. No meio das chamas que se desprendem das roupas ainda vislumbro um rosto de menina e uns longos cabelos loiros também já a arder.
Gera-se o pânico no mercado de Mértola. Os dez soldados tuaregues da escolta pessoal de Ibn Gânia, que não largam o seu chefe um só minuto, receando tudo e todos, juntam-se ao povo que tenta, em vão, apagar o fogo que devora a jovem mulher.
Nesse preciso instante, quatro vultos que ainda há pouco, negociavam numa melopeia interminável um cesto de “chilarcas” uma espécie de cogumelos da região, rodeiam Ibn Gânia e, sem que eu pudesse esboçar um mínimo movimento, trespassam-no com estocadas secas e precisas.
Os soldados da guarda apercebem-se, embora tarde demais, do sucedido. Derrubam os vultos, pontapeiam-nos e, a golpes de lança e cimitarra, pefuram, esquartejam, decepam os corpos que nenhuma resistência oferecem, preparados que estavam para o holocausto. Os rostos mutilados de quatro jovens esboçam um derradeiro sorriso de missão cumprida e recompesa esperada no Paraíso de Alá. Apenas num deles creio ter vislumbrado um angustiado ricto de dúvida de última hora. Patético! Dos cadáveres desprende-se, como uma névoa de vapor, um forte cheiro de haxixe.
… rigorosamente à mesma hora em que Ibn Gânia era assassinado no mercado de Mértola, uma freira tenta aproximar-se de Afonso VII … em Toledo…
Dois soldados de Afonso VII detiveram-na de imediato… Num ápice a falsa monja, envolta em salitre, nafta e betume, transforma-se num archote… desintegrando-se num farrapo de carne. Os guardas pessoais ficam logo ali estralhaçados, estourados pela vilolência da explosão. O rei escapa á morte por um fio…
Mais uma vez, segundo constava do relatório, o cheiro inebriante de cânhamo queimado, de haxixe, subrepunha-se ao dos explosivos.
… Não foi por acaso que o terror assassino escolheu como seus primeiros alvos, no Al-Andalus, Ibn Gânia, no Sul, e Afonso VII, no Norte. Ambos, cada um nas suas “circunstâncias”, personificavam a prudência e a moderação.
Mas os deuses da intolerância são ávidos, têm sede, muita sede…”

Alberto Xavier, Al-Gharb 1146 Uma viagem onírica ao Portugal muçulmano. Bertrand Editora, 2005

terça-feira, 12 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Justificação

Tive que tratar de um assunto junto de um médico, num centro de saúde público.  
Para lá fui logo de manhãzinha contando que quanto mais cedo lá estivesse, mais depressa me despacharia – pensava eu. Porque não era urgente e porque não tinha marcação (as marcações foram feitas com 4 semanas de antecedência), chamaram-me ao fim da manhã, isto é, passei meio dia de espera.
À saída reclamei no guichet:
- Não faz sentido perder uma manhã inteira para obter um papel!
Respondeu-me a senhora de serviço:
- Se quiser passamos-lhe uma justificação para o tempo que aqui esteve.
- Minha senhora, a justificação não me faz falta! Tinha compromissos assumidos, aos quais faltei. Não fiz o que deveria ter feito!

É esta a mentalidade instalada, não só nos serviços públicos: a preocupação não é fazer bem, não é a eficácia, é a justificação! Será que pensam que a justificação é produção?
Não fazer é irrelevante, importante é explicar porque não foi feito.
As consciências ficam então tranquilas.

sábado, 9 de julho de 2011

sexta-feira, 8 de julho de 2011

I simply adore monster movies! And cheaper they are, better they are!

Esta frase - Frank Zappa - que sempre me acompanhou desde a adolescência, tem hoje um significado diferente daquele que me habituou. Nesse tempo, filmes de terror seriam talvez a matéria mais entusiasmante, o mais fora dos eixos, que a TV nos oferecia. Hoje não tenho já grande apreço por filmes de terror, no entanto ficou-me o encanto pela fantasia, pelas histórias fantásticas.
… é claro que me ficou também o maior dos apreços pelo fantástico que continua a ser Frank Zappa…
Contudo, a fantasia regressou para mim a níveis muito mais primários: adoro agora ser surpreendido por tesouros perdidos, por mouras encantadas, por golpes de mágica, pela interferência do maravilhoso.
Monster movies não têm já nada a ver com sangue, mortes, sustos ou terror (para isso temos o correio da manha, desde que deixou de existir o jornal o crime). Monster movies continuam a ser as aberrações mas já não mexem com as emoções, são ainda um apelo às gavetas escondidas do cérebro mas sem deixar grandes marcas.

Os indianos encontraram na cave de um palácio antigo um tesouro em quantidade tal de preciosidades (metais e pedras), que nos permitiriam a nós portugueses, não ter pedido uma grande parte daquilo que pedimos ao exterior. Não é isto fantástico? Do reino da fantasia… tornada real?

Já agora acabo a citação do Zappa (oiçam Cheepins, no Roxy & Elsewhere, 1974):
“… and the cheapness of a monster movie has nothing to do with the budget of the film, although helps.”

quinta-feira, 7 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Primo do Coração

In Memoriam


Rajadas de vento inesperadas
O ar sufocante a ameaçar trovoadas
Dia de sol envergonhado nas estradas
Rios alterosos de torrentes enlameadas
Invios caminhos para gentes avisadas
Guarda o som das crianças assustadas
Ouve o silêncio das palavras caladas

Barcos cruzam mentes viajadas
Almas tristes e zangadas
Ruas bordejam portas fechadas
Recordações de situações atribuladas
Altas expectativas sonhadas
Dias felizes de estórias engraçadas
Armas em riste preparadas
Salve ó Barradas

Postado por Luis Pereira às 13:06 de 6 de Julho de 2009
In blog “Adamastor” http://riachos.blogspot.com

segunda-feira, 4 de julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

Barcos

Aproxima-se o evento pelo qual tenho esperado, com alguma ansiedade, desde há um ano: a Decida do Guadiana em canoa. Vai ser um fim de semana em cheio, assim uma espécie de acampamento ambulante durante 3 dias e 2 noites, sem mochilas às costas mas deslocando-me remando.
Isto traz-me à lembrança outras viagens de barco que já efectuei, cada uma ao seu nível, mas qualquer delas com marcas deixadas que nunca esquecem.
As passagens Trafaria/Belém, rotineiras, quotidianas, e das quais só agora percebo porque me agradava muito mais o sentido Belém/Trafaria do que o inverso: é que de Belém para a Trafaria eu ia para casa, no outro sentido saía de casa. 20 minutos de viagem, conversa com os companheiros de circunstância, descobrindo todos os dias pormenores nas margens do rio, como se em cada vez as terras de Algés e Pedrouços ou Porto Brandão e Murfacém, fossem diferentes da véspera. E quando havia temporal! Xi, que até as peixeiras rezavam!
Outra experiência inolvidável foi uma travessia de 24 horas nos mares dos Açores. Mar chão e ondas alterosas, golfinhos e peixes voadores, sereias em seco, copos no bar e vento na cara. A embarcação não era muito maior que as da travessia do Tejo.
Ainda nos Açores a travessia do canal – já ouviram falar no Mau Tempo no Canal? Pois o canal é esse mesmo entre a Madalena (Pico) e Horta (Faial) – onde vi a água mais alta que o barco. Mas, sensação estranha, nunca me pareceu que aquela parede de água desabasse sobre o barquito. Depressa me apercebi que era uma espécie de baloiço, ora estávamos em cima, ora estávamos em baixo!
… e outras… no Sado, no Algarve, em Trás-os-Montes, em Milfontes…

Nunca apanhei nenhum susto, talvez seja por isso que nunca senti verdadeiramente medo. Quem sabe se para estes casos se aplica também aquele ditado: “Deus dá o frio conforme a roupa”? Ou seja, o primeiro passo para apanhar um susto é ter medo. Ou então por outras palavras: nada melhor para que qualquer coisa corra mal, do que começar a pensar que vai de facto correr mal.

sexta-feira, 1 de julho de 2011