domingo, 3 de julho de 2011

Barcos

Aproxima-se o evento pelo qual tenho esperado, com alguma ansiedade, desde há um ano: a Decida do Guadiana em canoa. Vai ser um fim de semana em cheio, assim uma espécie de acampamento ambulante durante 3 dias e 2 noites, sem mochilas às costas mas deslocando-me remando.
Isto traz-me à lembrança outras viagens de barco que já efectuei, cada uma ao seu nível, mas qualquer delas com marcas deixadas que nunca esquecem.
As passagens Trafaria/Belém, rotineiras, quotidianas, e das quais só agora percebo porque me agradava muito mais o sentido Belém/Trafaria do que o inverso: é que de Belém para a Trafaria eu ia para casa, no outro sentido saía de casa. 20 minutos de viagem, conversa com os companheiros de circunstância, descobrindo todos os dias pormenores nas margens do rio, como se em cada vez as terras de Algés e Pedrouços ou Porto Brandão e Murfacém, fossem diferentes da véspera. E quando havia temporal! Xi, que até as peixeiras rezavam!
Outra experiência inolvidável foi uma travessia de 24 horas nos mares dos Açores. Mar chão e ondas alterosas, golfinhos e peixes voadores, sereias em seco, copos no bar e vento na cara. A embarcação não era muito maior que as da travessia do Tejo.
Ainda nos Açores a travessia do canal – já ouviram falar no Mau Tempo no Canal? Pois o canal é esse mesmo entre a Madalena (Pico) e Horta (Faial) – onde vi a água mais alta que o barco. Mas, sensação estranha, nunca me pareceu que aquela parede de água desabasse sobre o barquito. Depressa me apercebi que era uma espécie de baloiço, ora estávamos em cima, ora estávamos em baixo!
… e outras… no Sado, no Algarve, em Trás-os-Montes, em Milfontes…

Nunca apanhei nenhum susto, talvez seja por isso que nunca senti verdadeiramente medo. Quem sabe se para estes casos se aplica também aquele ditado: “Deus dá o frio conforme a roupa”? Ou seja, o primeiro passo para apanhar um susto é ter medo. Ou então por outras palavras: nada melhor para que qualquer coisa corra mal, do que começar a pensar que vai de facto correr mal.

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